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Razão e sentimento

Razão e sentimento
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Uma menina-mulher sonharadora convicta, pore´m de uma racionalidade necessária.

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domingo, 6 de julho de 2014

CASA DE PRAIA 4


Mayra nem sabia ao certo o que dizer a Túlio, mas deixá-lo ir daquela maneira seria, no mínimo, aceitar tudo que ele estava dizendo e a garota não queria que isso acontecesse (a) porque ela sentia sim alguma coisa por Túlio, não entendia se era egoísmo de sua parte querer ter alguém que a amava ou se ela tinha realmente começado a pensar nele depois daquele passeio e (b) porque se o deixasse ir, estaria assinando um documento dizendo que tinha feito Túlio de idiota. Sua mente girava e ela revia num flash back maluco e atormentador tudo que se passara. Via suas investidas em Arthur, via o esforço de Túlio, sentia os beijos de ambos, ouvia tudo que Mariana e Letícia lhe diziam sempre, era uma confusão só.
Túlio olhou para ela como quem também sentia a dor de ter dado um ponto final na história de amor que ele sonhou viver. Para ele não era nada fácil, mas precisava assumir seu papel de homem e a raiva que sentira dela pelo desprezo dado a ele naquela noite na casa de Tifany ajudava e muito naquela decisão necessária. Seu coração não queria de modo algum deixar Mayra ir, mas sua razão gritava que estava mais que na hora de dar um basta naquilo tudo. Ele já dera vários foras em garotas que estavam interessadas e queriam realmente fazê-lo feliz, como era o caso de Gabriela que sempre havia sido muito gentil e paciente e estava perdendo tempo, perdendo sua juventude e sua felicidade.
― Não vá embora assim. Senta aqui um pouco, por favor. ― suplicou Mayra.
E quem resiste a um pedido com lágrimas quando se é completamente apaixonado por quem pede? Túlio baixou a cabeça como quem se dava por vencido e voltou para sentar-se no banco. Manteve-se calado e com a cabeça baixa. Mayra segurou as suas duas mãos.
― Ei, olha pra mim. ― pediu com paciência e carinho. ― Não é do jeito que você está pensando. Eu realmente errei, errei feio, mas estou disposta a corrigir meu erro. Disposta a me dar essa chance de ser feliz.  ― Houve uma pausa ― Mas para isso eu preciso de você, preciso de sua paciência, de sua compreensão e acima de tudo de seu amor. Me perdoa?! ― e sem esperar resposta ― Eu juro que nunca planejei brincar com seus sentimentos, eu não sou essa pessoa e sei que você sabe disso. Me ajuda a ser feliz?!
― O que você está me pedindo, Mayra, é algo muito difícil, entende? Eu teria que confiar em você e me arriscar a passar pelo que passei hoje. Vê você fugindo de mim. poxa, como isso me dá raiva e mágoa e como eu me sinto idiota diante do que você faz comigo...
― Fiz, não farei mais. Nunca mais. Você é importante pra mim, acredite. Me dê essa última chance...
― O que você chama de chance? Porque a gente não namora nem nada. Vendo por esse ângulo é até ridículo tudo isso, entende?
― Eu quero namorar você, Túlio. ― olhou bem em seus olhos. ― Eu quero tentar te amar como você me ama.
― Pois é, Mayra. Esse "tentar" é que me amedronta. Porque você está tomando essa decisão de cabeça quente, você está dizendo tudo isso porque viu que não serei mais seu bichinho de estimação. Tenho medo, entende? Não quero e não vou mais me machucar com isso. Já deu pra mim.
― Já deu pra você? Então você não quer namorar comigo?
― Quero Mayra, quero muito. É o que eu mais quero. Porém você precisa pensar melhor...
― Não há o que pensar...
― Xiiii ― colocou o dedo indicador nos lábios aflitos de Mayra com tal delicadeza que a menina se arrepiou e fechou os olhos para sentir aquele toque. ― Você está sob pressão. Precisa pensar. Pensar bem. E eu vou lhe dar esse tempo. Vou fazer isso porque te amo, porque não quero me culpar por não termos ficado juntos. Mas preciso que você entenda uma coisa, não quero mais me machucar, não quero mais ver você com olhares de dor por ver Arthur e Bruna juntos e nós sabemos que isso acontece, então, pra ser dessa forma que eu quero, preciso que você pense bem. Já está tarde e nós estamos cansados. Durma e pense muito bem. Amanhã a noite a gente conversa.
Os dois levantaram. Pareciam exaustos e realmente estavam, tinha sido um dia de muitas emoções e pressão psicológica para os dois. Caminharam de mãos dadas até o lado movimentado da casa onde estava uma completa algazarra. Ao chegar em ponto visível aos outros, Túlio soltou lentamente a mão de Mayra e mesmo ela se assustando com aquela atitude, sabia que estava certo fazê-lo porque eles nem sabiam que rumo aquilo tudo ia tomar.
Mayra entrou na casa, subiu e deitou na cama como quem vai dormir de conchinha com alguém, ficou ali fazendo o que Túlio havia pedido. Analisou tudo que haviam conversado, pensou também em Arthur, em como ele parecia feliz com Bruna, ouviu em sua mente, com certo ódio o que Bruna havia dito quando viu Túlio com Gabi e tudo aquilo se misturava dando voltas e mais voltas. Desejou ter uma penseira igual a de Dumbledore em Harry Potter, assim poderia dormir em paz e só depois rever os fatos e analisá-los, sem raiva, sem medo, sem dúvida. Mas o fato é que não tinha e precisava aguentar tudo aquilo. Algumas lágrimas ainda rolaram por seus olhos até que Mayra adormeceu.

Quando Letícia e Mariana voltaram pro quarto, Mayra dormia tranquilamente e as amigas fizeram o possível para não acordá-la, pois sabiam que aquela conversa não deveria ter sido das melhores, uma vez que Mayra nem foi pra onde elas estavam e Túlio, mesmo ficando entre a galera, estava calado e pensativo e se manteve um pouco afastado.

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