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- Uma menina-mulher sonharadora convicta, pore´m de uma racionalidade necessária.
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domingo, 27 de julho de 2014
FIM DE SEMANA
O mergulho serviu mesmo
para refrescar a cabeça de Bruna, porque ela decidiu se valorizar mais,
aproveitar o fim de semana sem se preocupar tanto com Arthur. Mas é sempre bom
lembrar que decidir é uma coisa e conseguir fazer é outra. Porém não vamos
tirar o mérito da garota que tentaria com todas as forças não se transformar em
uma vigia do amor. Arthur, por sua vez, teria que se esforçar para disfarçar
seu interesse em Mayra e sua raiva por ela estar com Túlio. Também, o que ele
queria se não terminava com Bruna?
― Dário, o que a Mayra
está fazendo com aquele babaca, hein? Sinceramente, cara, o Túlio... está muito
claro que o Túlio não é pra ela.
― Está claro que você
está com ciúmes. Mas, Arthur, sinceramente cara, deixa essa menina ser feliz.
Você não quer ela de verdade. Se você quisesse já teria, pelo menos, terminado
com a Bruna. Tá na hora de parar com isso. Esquece a Mayra. Isso que você sente
é posse. Você sabe que ela gosta de você e você gosta de tê-la, gosta de
deixá-la na fila. Isso nem parece com você. Nem eu que te conheço entendo por
que você age assim.
― É, eu sei que você
tem certa razão. Mas só até certo ponto, também não é como você falou, porque
se fosse, eu seria um mal caráter e isso não sou. Eu não me entendo, cara. Eu
queria namorar com ela. Eu juro que queria, mas sei lá, a Bruna complica as
coisas. Ele é compreensiva demais, aí quando tento terminar ela finge que não
está ouvindo, me dá carinho, atenção e eu acabo desistindo de terminar, além do
mais eu gosto dela também.
― Me desculpe, Arthur,
mas como é que se gosta de duas. Eu não entendo. Pra mim é tudo muito simples.
Eu amo a Tifanny e pronto, estou com ela. Pra mim é assim. Mas ó, conselho de
amigo. Se afasta da Mayra, deixa ela em paz.
Nesse momento Bruna se
aproximou.
― O que esses dois
gatinhos estão segredando, hein?! ― disse isso e beijou a bochecha de Arthur
que ficou toda molhada, pois a garota estava saindo da piscina.
― Nada de interessante,
amor. ― respondeu Arthur com ar desinteressado.
― Vou ali ver o que a
Tifanny está fazendo. ― Dário disse isso e aproveitou para sair dali.
Tifanny anunciou o
torneio de volley. Os times foram separados e a bola ia rolar em dez minutos.
Todos foram saindo da água e se encaminhando para a quadra de volley, que não era
bem uma quadra já que o piso era de uma grama bem aparada. A pequena
arquibancada unilateral se encheu rapidinho e os gritos da torcida começaram.
Jogaram até o almoço
ser anunciado. Era uma mesa grande recheada de variados pratos a la adolescentes: batata frita, arroz
de três tipos, purê, pouca salada, lasanha de dois sabores e algumas frutas
para ajudar na digestão. A mesa era daquelas de refeitório e o almoço foi servido
ao lado da piscina. Mayra que havia acabado
de ganhar a partida foi a primeira a almoçar, estava varada de fome ― como se
diz aqui no Nordeste ― levou seu prato para perto de Túlio e os dois tiveram
seu primeiro almoço como namorados. Ele irradiava felicidade e poder. Seu olhar
que já era galante, ficou mais exaltado. Ele se sentia vencedor de uma batalha
silenciosa entre ele e Arthur. Ela estava feliz também, porém era uma
felicidade comedida. Comeram na ótima companhia um do outro.
― Vou ao banheiro. Venho
já, ok? ― avisou Mayra com um beijo na bochecha de Túlio e já se levantando.
― Ok.
Deram um beijinho e ela
foi. De longe Arthur olhava tudo disfarçadamente. Acho que ninguém percebeu que
ele se mordia de ciúmes e de remorso por não ter ficado com ela. mas ele sabia
que ela ainda o amava, pois não se esquece alguém assim de uma hora para outra.
Mas afinal o que ele tinha para garantir que ela não o esquecesse? Levantou-se
sem que ninguém percebesse e caminhou para o interior da casa seguindo Mayra.
Viu quando ela entrou no banheiro e ficou esperando ela em um corredor por onde
ela teria de passar para voltar para a área da piscina.
Encostou-se na porta de
frente a do banheiro onde Mayra estava, cruzou uma das pernas sobre a outra, pôs
a mão no queixo e esperou. Quando ela saiu, tomou um susto.
― Ai, Arthur, você me
mata de susto. ― Mayra falou um pouco aborrecida.
Arthur empurrou-a
contra a parede de beijou-a com vontade, com toda vontade que estava sentindo
desde que a vira com Túlio.
― O que é isso, Arthur?
Ficou louco! ― Mayra o empurrou de volta. ― O que você está pensando, hein?
― Estou pensando que
você ama a mim e não aquele babaca do Túlio. ― amenizou o tom de voz ― eu
também gosto de você, Mayra, te peço só para ter paciência para eu terminar com
a Bruna e não posso fazer isso aqui, né? Você me entende!
― Não, Arthur, eu não
entendo coisa nenhuma que vem de você. Você sempre me ilude de alguma forma...
― Isso é mentira, eu
nunca lhe iludi. Aliás hoje é a primeira vez que te digo que gosto de você.
― Ilude sim. Você deu
um tapa na cara do Túlio só porque ele me pediu em namoro. Você acha que isso é
o que? Você acha que isso é pouca coisa? Você realmente acha que se expor numa
festa de 15 anos onde estão todos da sua
escola antiga é pouca coisa? Pois fique sabendo que eu não acho. Você me liga
de manhã fazendo convitinho para ir à praia. Você me dá olhadas que são de quem
me quer...
― E quero mesmo.
― Não! Você quer me
iludir, quer que eu seja sua bonequinha pra você deixar ali jogada, mas ó,
acabou. A - CA - BOU! Entendeu?! Eu não quero mais isso pra mim.
― Desculpa, Mayra, se
você entendeu assim. ― o tom de voz já era outro. Arthur sabia que o que Mayra
estava dizendo era a mais pura verdade porque ele mesmo se sentia assim. Vou
deixá-la em paz.
― Acho bom mesmo,
Arthur. ― houve um curta pausa entre essa fala e a seguinte ― Se afasta um
pouco, me dá um tempo. Você já me maltratou muito. Eu cansei e preciso ser
feliz. ― Essa última frase foi dita num tom romântico e tristonho.
― Tá certo, vou
respeitar seu pedido. Mas quero que você saiba de uma coisa. Nunca esqueci seu
beijo. Ele foi o melhor até hoje e eu vou terminar com a Bruna e virei atrás de
você. Realmente vou te dar um tempo, aliás vou nos dar um tempo, porque eu
também preciso de um tempo pra terminar com a Bruna e quando eu falar assim, desse
jeito a sós, com você de novo, saiba que será para pedir que você fique comigo.
Antes que Mayra
respondesse algo, Túlio apareceu.
― Amor, está tudo bem
aí? ― Nunca havia lhe chamado de amor. Acho que ele fez isso para dar um fora
em Arthur para mostrar que ele estava com Mayra pra valer.
― Sim, está. ― Mayra
pegou em sua mão e o arrastou para fora.
― O que aquele estava
te dizendo? ― Túlio não se conteve e perguntou.
― Nada de importante. Tava
só conversando mesmo.
― Sei. Não gostei do eu
vi. Se fosse outra pessoa em vez de mim, hein?! O que iriam pensar?
― Ah Túlio, para! Não
vamos estragar o início do nosso namoro por causa do Arthur, não é mesmo?
― Ah, isso é verdade. ―
disse já com um sorriso e puxou Mayra para si, dando-lhe vários beijinhos, o
que provava que ele ia deixar aquele assunto de lado.
Se perguntasse a Mayra
o que ela estava sentindo naquele momento seria muito difícil dizer, porque
sinceramente ela não saberia. Tinha um misto de felicidade por estar por cima e
pela "apelação" de Arthur e tinha também um pouco de tristeza por
saber que ela havia acabo de ouvir o que mais desejava na vida, mas sabia que
Arthur era daquele jeito: sempre que achava que estava perdendo ela, ficava
querendo-a, mas se ela estivesse sozinha, ele se conformava que ela era dele e
pronto não fazia mais nada para tê-la. De todo modo ela estava no lucro, porque
tinha a seu lado um rapaz lindo, estudioso, bom caráter e que a amava de
verdade. Queria mais o quê?
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