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Razão e sentimento

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- Uma menina-mulher sonharadora convicta, pore´m de uma racionalidade necessária.
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sábado, 5 de julho de 2014
CASA DE PRAIA 3
Não
conseguia mesmo esquecer. E como que acometida por uma onda de ciúme e sensação
de perda, Mayra escreveu uma mensagem a Túlio.
"Parece que você não viu. Ou
quem sabe tenha visto e esquecido de tudo que aconteceu."
A mensagem era
pesada, meio sem sentido para quem chorou por outro, mas Mayra enviou
assim mesmo, nem releu que era pra não perder a coragem. De longe viu quando
Túlio tirou o celular do bolso e leu a mensagem, guardando o aparelho em
seguida. Voltou a conversar com Gabriela tranquilamente como se nada tivesse
acontecido e isso irritou Mayra mais ainda. Ele estava pensando o quê? Que vai me ignorar?
Não
que Túlio tivesse pensando isso, mas sim ele poderia ignorá-la a hora que ele
bem entendesse, afinal de contas quem mandou Mayra se esconder quando ele
chegou.
―
Amiga, dá pra parar de olhar pro Túlio! Tá ficando ridículo. Esquece esses
dois. Já fez a besteira, agora esquece que é melhor. ― alertou Letícia que
também olhava a cena e sabia que aquilo estava maltratando Mayra.
―
Ele pensa que vai ficar assim, ele está muito enganado.
Parece
até que Túlio estava ouvindo a conversa porque exatamente quando Mayra calou a
boca, Túlio beijou a mão de Gabi como quem pede licença e se encaminhou na direção das amigas.
―
Amiga, segura sua onda que você não está podendo exigir muita coisa, não.
Túlio
lançou um olhar duro com um brilho de raiva, bem diferente das outras centenas
de vezes que ele se aproximou de Mayra:
―
Podemos conversar?
Aquilo
não era bem um convite, mas uma intimação a se afastarem dos outros e Mayra
sentiu que realmente não estava podendo exigir muita coisa, mesmo assim não
baixou a guarda.
―
Sim, já não era sem tempo, não acha?
Se
afastaram dos outros, rodearam a casa e foram para entrada onde havia o jardim
e uns bancos com encosto entre as flores. Era um ambiente bem romântico e Mayra
se animou achando que ainda tinha chance. Sentaram. Mayra virou-se para Túlio,
ainda com um olhar sério. Ela queria mesmo encostá-lo na parede por causa do
que vira, mas antes que ela pudesse falar ele começou a vomitar coisas que
pareciam estar guardadas por muitos meses.
―
Vamos lá. O que você quis dizer com aquela mensagem?
―
Bem, eu queria entender o que estava acontecendo, por que você nem ao menos
veio falar comigo e estava ali todo derretido para a Gabriela.
―
Bem, Mayra é o seguinte. Eu me derreto para quem eu quiser. (pequena pausa) Ou você pensa que
só você tem o direito de ficar comigo e chorar porque aquele babaca do Arthur que chegou com a Bruna?
Mayra
percebeu que a coisa estava feia mesmo e que Túlio tinha visto toda a cena na
casa de Tifany antes de embarcarem e quando ela respirou e abriu a boca pra se
explicar mesmo sem saber o que dizer, Túlio continuou.
―
Você acha que sou um bonequinho que você usa e manipula como quer, quando bem
entende e simplesmente quando não quer mais joga fora? É isso? Você acha que eu
não tenho sentimentos? ― Túlio alterou um pouco a voz. ― Você só pensa em você,
senhorita Rayanna Mayra, se você quer correr atrás do Arthur e vê-lo ser feliz
com a Bruna, corra, problema seu. Eu não tenho nada a ver com isso, mas ó, brincar com uma
pessoa que sempre gostou de você, que faz todas as suas vontades, isso não está
certo.
―
Calma, Túlio. Você entendeu tudo errado. Não é assim.
―
Não é assim? Não é as-sim? Tudo bem. Então além de eu ser seu bonequinho eu sou um
idiota que você engana, mente, trai, faz o que quer.
Mayra
se desesperou um pouco, porque percebeu que havia magoado de verdade Túlio e
ela nunca quis que fosse assim. Túlio era sim algo para ela, ela só não sabia
exatamente o que ele era, mas gostava dele, tinha ficado empolgada com o beijo
na beira-mar. E pior de tudo, não conseguia falar nada que pudesse salvá-la de todas as
acusações, diga-se de passagem, verdadeiras, que Túlio fazia.
―Calma,
Túlio, me deixa explicar. Você está muito nervoso. Para. Me escuta, por favor.
―
Olha, Mayra, eu nunca amei ninguém como eu te amo. Nunca mesmo. Mas não se
engane achando que por isso eu vou deixar de ser feliz, vou deixar de procurar
alguém que valha a pena. É como eu te disse hoje, se você quer correr atrás do
Arthur o resto de sua vida, paciência. Mas eu não vou ficar nessa história para
ser pisado e magoado como se eu fosse uma planta que ornamenta o jardim e
quando chega uma estatueta que a dona desejava há algum tempo, arranca-a e está tudo resolvido.
―
Você não é isso pra mim...
―Ah
― interrompeu Túlio ― e não me venha com esse lance de somos bons amigos. ―
suspirou e acalmou a voz ― porque, sinceramente Mayra, o que quero de você
agora é tirá-la da minha mente, tirá-la do meu coração. Quero dar um basta
nisso tudo. Chega! Já sofri demais. Já fiz o que podia por você. Estou cansado.
Cansado de te agradar e receber em troca pancada, ou pior ainda, não receber nada, ser ignorado. Cansado de ser inteiramente
teu e você ser do Arthur. Cansado de suas desculpas esfarrapadas. Cansado de
você me ligar e eu me encher de esperança e no instante seguinte você se
derreter, na minha frente ou nas minhas costas, tanto faz, para o Arthur. Estou
farto do Arthur também. E sabe o que mais? Ele está certíssimo. Ele sabe que
tem você nas mãos, então ele fica lá com a namoradinha dele e deixa você como
reserva, se algo der errado lá, aí quem sabe ele te dê uma chance...
―
Você está sendo duro demais comigo, Túlio. ― Mayra não conseguia mais conter o
choro, as lagrimas vinham e ela nem sabia por que, se era por causa de Túlio,
ou das palavras dele, ou mesmo por causa do seu amor por Arthur, que realmente
já a machucara demais. ― Por favor, para com isso, por favor.
―
Paro sim, Mayra. ― Túlio falou tranquilamente, numa voz rouca e sensual demais
para o momento ― Paro porque como já te expliquei eu cansei e estou saindo
dessa história, desse triângulo amoroso doentio. Agora sou eu que te peço, vá viver sua vida e me deixe em paz. Não me
ligue. Não mande mensagem. Não fale comigo, exceto o estritamente social. E te
peço mais: Pense. Pense muito em tudo que você me fez. Pense no que você
desperdiçou por causa de um alguém que não te quer.
―
Túlio, mas eu quero você.
―
Não, você não me quer. Se você me quisesse, estaria me esperando hoje lá na
Tifany. Se você me quisesse, você tinha ido ao meu encontro quando eu cheguei.
Se você me quisesse, teria vindo na van ao meu lado. Mas não. Você quer que eu
seja seu estepe, quer que eu seja o objeto de ciúme para Arthur. E isso, Mayra,
eu sinto muito, não serei de modo algum. Nem para você, nem para ninguém.
―
Mas você disse que me amava. ― interrompeu Mayra esperançosa que Túlio quisesse
voltar para ela.
―
Amo, amo muito. Mas eu amo primeiro a mim.
Túlio
disse aquilo como um ultimato e deu as costas para Mayra que chorava
compulsivamente.
―
Espera! ― Gritou Mayra estendendo a mão. ― Espera, por favor.
Túlio
virou-se para a garota.
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