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- Uma menina-mulher sonharadora convicta, pore´m de uma racionalidade necessária.
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quarta-feira, 25 de junho de 2014
CASA DE PRAIA 2
O
motorista deu partida. Vozes se misturaram e não se sabia ao certo quem estava
falando com quem. Túlio encostado a janela da van pensava em tudo que tinha
visto. Sentia-se um perfeito idiota. Ele a tratara tão bem, valorizara tudo
nela. Fez tudo que ela quis sem sequer dar um ideia que fosse dele. E tudo isso
pra quê? Para vê-la chorar por causa do babaca do Arthur que estava com a
namoradinha perfeita.
Quanta
raiva Túlio sentia de si mesmo agora. Era um panaca mesmo, se iludindo com uma
menina que nunca quis saber dele. Precisava mesmo era dar um basta naquilo
tudo. Nunca tinha sido daquele jeito. nunca ficou à mercê de menina nenhuma,
sempre fora ele quem mandara nas relações e agora tava ali mogoado. Ai, dá
licença, né?
Estava
também com raiva de Mayra, sabia que ela não tinha culpa, mas a raiva era
incontrolável. Se ela está pensando que vai me fazer do bobo, ficar comigo e
chorar pelo tal Arthur, está muito enganada. Muito mesmo. Túlio estava com o
orgulho ferido. Ele gostava de verdade de Mayra, admirava tudo nela: o jeito, o
olhar, a boca, o beijo... aquele beijo só serviu para piorar as coisas, porque
antes era apenas uma imaginação, um desejo e agora era real, ele sabia
exatamente que gosto tinha beijá-la, sabia qual seu cheiro e todas aquelas
lembranças pioravam e muito a situação. Mas a van estava cheia de meninas tão
lindas quanto Mayra, não existia só ela no mundo.
Ajeitou
a cabeça no vidro e se concentrou na estrada que corria do lado de fora. As
luzes passavam rapidamente deviam estar a uns 100km/h. O sol estava quase se
pondo e eles haviam planejado chegar lá no por do sol. Não daria para
aproveitar, mas queriam chegar cedo, separar quartos e começar a farrinha com
os amigos.
Mayra
observava Túlio. Ele parecia ignorar a presença dela. E de fato estava se
esforçando para isso. Será que ele é um perfeito idiota ou que ele viu alguma
coisa?
―
Acho que ele pode ter visto sim, porque quando ele chegou, lembra que ele te
deu aquela olhada? Ou então ele está chateado porque você se escondeu e isso
ficou muito na cara né, amiga?
―
Ô gente, vocês só me culpam o tempo todo. Até agora não sei o que vou dizer ou
fazer em relação a ele...
―
Não sabe?! ― Letícia gritou.
―
Fala baixo!, Tá doida?
―
Como assim não sabe o que fazer? Pois eu sei muito bem o que fazer com ele.
Ai...ai... Deus realmente não dá assas a cobra, porque se desse...
―
Letícia você é louca mesmo. ― brincou Marianna que concordava absolutamente com
Letícia.
―
Gente, foco! Vocês acham que ele viu? E se ele tiver visto, como vou me
defender?
―
Ahhh, agora você se preocupa, né? Muito bem. Sinal que não tá pirada de vez
ainda. Se eu fosse você fingia, é a única coisa que te resta. Fingia que nada
havia acontecido, ficava na minha e quando ele viesse me procurar em agia como
se nada tivesse acontecido. E realmente não aconteceu, né?
―
Dou completa razão a Lê. Já fez a merda, agora finge e conserta.
Finalmente
chegaram. No portão da casa estava Marta, que fora pra lá de manhã com o objetivo
de deixar tudo em ordem; Assis, o caseiro e Olívia, sua esposa.
―Sejam
todos bem vindos! ― disse Marta sorrindo a cada um dos meninos que descia da
van.
A
casa era espetacular. De frente via-se uma grama muito bem cuidada com algumas
plantas ornamentais e pequenas palmeiras que davam em um alpendre enorme que
rodeava a casa toda. Uma porta de vidro com contornos de madeira dava o ar
rústico ao local. Na parte cima cada quarto tinha janelas de vidro que
combinavam com a porta frontal e uma varanda lateral que dava uma visão
deslumbrante das águas cristalinas do mar com ondas que iam e vinham numa
harmonia celestial. Pelo outro lado tinha uma passarela larga de madeira envernizada com sombras de coqueiros, algumas
cadeiras de sol e uma espécie de sofá de vime com estofado branco, tudo
impecavelmente bem cuidado. A passarela terminava no mar, num ponto próprio
para banho, onde o balanço das ondas era quase imperceptível e formava-se uma
piscina natural. ainda havia quadra poliesportiva e um estacionamento que
caberia uns cinco carros.
Entraram
na casa e os quartos foram distribuídos. O andar de cima era formado só por
quartos e uma imensa varanda. Todos subiram guardaram suas coisas, alguns
trocaram de roupa e foram para os fundos da casa aproveitar aquele jardim
maravilhoso.
―
É melhor que nas fotos. Nosso fim de
semana será perfeito, amiga. ― disse Letícia muito animada.
O
quarto destinado a elas, ela lindo, parecia coisa de filme. Três camas muito
bem arrumada com edredons em rosa seco, um armário embutido que cabia as roupas
de todas elas e ainda sobrava espaço. Um abajur ao lado de cada cama e um
banhiero com chuveiro elétrico.
―
O quarto é tão lindo que dá até pra ficar só aqui e já ser um ótimo fim de
semana. ― comentou Mayra que estava realmente encantada com o quarto.
―
Ah não. Lindo mesmo são os gatinhos lá fora e eu não perderei por nada.
―
Só podia ser a Lê mesmo. ― confirmou Marianna. ― Eu tô muito animada. Não sei
nem que roupa vestir. Vocês ainda vão pro mar hoje?
―
Não sei. ― Mayra falou desanimada.
―
Eu quero, mas não vou ser a enxerida que aparece toda de biquíni em plena seis
da noite, né? melhor descermos e vermos se o clima está para banho ou para
conversa.
Os
outros não haviam se atrasado observando nada já estavam todos lá embaixo
espalhados pela imensa casa. Dário e Tifany estavam à beira de uma pequena
piscina que no espaço ao lado da
passarela, Arthur e Bruna estavam contemplando as estrelas nas cadeiras de sol
que estavam mais próximas do fim da passarela. Letícia voltou da varanda.
―
Gente, dá pra fazer o que quiser, nós estamos é perdendo tempo. Simbora galera!
Desceram
as escadas animadíssimas: Mayra menos animada, mas já recuperada do que tinha
visto e preparada para ignorar; Marianna de shortinho e biquíni planejava
aproveitar cada instante e Letícia, espevitada como era já estava com altos
planos para não perder nem um momento.
Assim
que Mayra abriu a pesada porta de vidro e olhou para o lado viu Túlio
conversando com Grabriela, uma menina ruiva, magrinha de pele clara, cabelos
lisos e alourados que desciam até a marca do biquíni, ela não a conhecia, sabia
que era uma amiga de Tifany, mas nunca a tinha visto antes. A conversa entre os
dois parecia mais que uma simples conversa. Eles estavam bem próximos e Túlio
era todo sorrisos para a garota que também se derretia para o deus da beleza.
Ai é assim?! ― pensou. Ok então.
―
E aí tá gostando da cena? Quem quer dois ou perde um ou todos dois, queridinha.
No seu caso parece que perdeu os dois, né? ― Bruna zombou de Mayra.
Como
aquela menina viera parar ali, não se sabe, mas assim que viu a oportunidade
não perdeu um segundo e plantou no coração de Mayra a sementinha perversa da
humilhação. O resultado foi imediato. Mayra realmente sentiu-se humilhada,
preterida, pequena, um grãozinho de areia perdido naquela imensa praia e sentiu
ódio também, se pudesse teria esganado Bruna a sangue frio. Que garota
petulante! Mas ela estava infernalmente certa. Ela havia brincado com Túlio e
pelo visto ele se cansara dela. O jeito era agir naturalmente e fingir que nada
ali lhe abalava. Juntou-se as meninas e tentou esquecer Túlio que sempre tinha
olhos e atenção só pra ela com Gabriela. Ainda que fosse outra que ela tivesse total domínio de quem
era, mas uma garota que ela nem sequer conhecia seria difícil saber o que
rolava.
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