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- Uma menina-mulher sonharadora convicta, pore´m de uma racionalidade necessária.
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sábado, 14 de junho de 2014
DEPOIS DA PRAIA
Arthur chegou cansado. Praia
sempre enfada e ele nem gostava tanto, foi mais pra ver a Mayra e no final ela
nem foi e ele ainda ficou sabendo de algo que preferia nem saber, enfim... um
dia meio perdido. Só não tinha sido totalmente perdido, porque ele estava com
os amigos. Almoçou e foi deitar um pouco, adormeceu de cansaço e quando acordou
tinha nada mais, nada menos que 35 chamadas não atendidas e 3 mensagens de Bruna.
"Amor, kd você?", "Amor, já liguei mil vezes e você não
atende.", "Amor vê se retorna minhas ligações, não tem graça essa
brincadeira..." Ele olhou cada uma das mensagens fez um muxoxo com o canto
da boca e jogou o celular na cama. Não queria falar com Bruna. Não queria pensar em dar satisfações. Odiava quando ela entrava nessa de namorada dona de tudo. Nem namorados eram, não entendia porque ela agia como se fossem noivos.
Foi só adormecer novamente que sua mãe chamou.
―
Arthur, acorda filho, tem visita pra você.
―
Visita, mãe? ― falou meio arrastado já sabendo que só poderia ser Bruna que
achou pouco perturbar virtualmente e agora queria perturbar ao vivo. ― Por que
a senhora disse que eu estava em casa, hein?
―
Ah, Arthur, não me meta nas suas coisas. Você arranja suas sarnas e depois não
quer cuidar delas. Te vira, garoto! ― falou aborrecido que era pra Arthur nem esticar a reclamação.
A
mãe de Arthur odiava mentiras, ainda mais mentir por uma bobagem daquelas, ele
sabia que não aconteceria nunca. Arthur levantou-se lentamente, se enchendo de
paciência para as milhares de perguntas que Bruna faria pelo seu
desaparecimento e sinceramente ele estava sem saco nenhum para respondê-las,
porém não tinha jeito: a garota estava ali em sua casa. Caminhou até a sala e
como imaginara, Bruna estava lá sentada no sofá com as pernas cruzadas, batendo
levemente o pé no chão com cara de enjoo.
Ao
vê-lo ela piorou a sua cara de enjoo e assim que a mãe de Arthur saiu da sala
ela mostrou a que veio.
―
Olha Arthur, se você está pensando que vai me fazer de idiota, você está muito
enganado. Estou de saco cheio desses seus sumiços, dessas suas ignoradas nas
minhas ligações, enfim...
Arthur
já não queria dar satisfações e depois daquilo tudo a coisa piorara muito. Porque ele poderia até dar satisfação quando alguém se fazia de vítima e vinha
cheia de carinhos, podia até ser, mas quisesse ver ele com raiva viesse
cobrando coisas e acusando disso e daquilo.
―
Pra começar Bruna, melhore seu tom, primeiro porque você está na minha casa, segundo
porque você me acordou e terceiro porque não sou seu.
―
Nossa Arthur, não precisa ser grosso. ― fingiu-se de magoada.
―
Grosso? Você me liga 30 vezes. Não sabe ter calma pra eu retornar, me manda
mais três mensagens. Por que você faz isso? por que você não age como uma
menina normal?
― Eu sou normal, Arthur.
Arthur
virou o rosto impaciente.
―
E quem está dizendo que você não é? Só estou te explicando que não é assim que
as coisas vão dar certo.
De
saco cheio daquilo tudo e com raiva ainda por saber que Mayra estava com Túlio,
ou tinha ficado com ele ou saído com ele, Deus sabe mais lá o que, Arthur
pensou em mandar Bruna embora e nunca mais aparecer. Mas como ele iria esquecer
Mayra ― que pelo visto já o tinha esquecido ― se ficasse sozinho?
―
Onde você esteve? Por que não atendeu minhas ligações? ― Bruna falou numa voz
mais calma tentando segurar toda a raiva que sentia.
―
Eu estava com meus amigos na praia. Não vi suas ligações. Cheguei muito
cansado, almocei e fui dormir e agora estou aqui te dando satisfações da minha
vida como se eu tivesse sumido por uma semana. O que mais você quer saber?
―
Calma Arthur, também não precisa me tratar mal. Você sabe que sou preocupada,
eu pensei que tinha acontecido alguma coisa. ― mentiu invertendo os papeis. ―
Mayra estava lá?
―
Não, não estava. Por quê? Já te falei que ela é só uma amiga.
Bruna
viu que Arthur estava muito impaciente e que ela já havia feito tudo que podia.
Já até tentara inverter o jogo e ele continuava ali, firme, com raiva dela pelo
simples fato dela cobrar. Achou melhor recolher as armas antes que ele se aborrecesse
de vez e terminasse tudo. Já tinha engolido um boi inteiro, não ia se engasgar
com um mosquito. Isso era fato. Deu a última cartada.
―
bem, já que você está bem e nada aconteceu, posso ir embora. Realmente fiquei
preocupada que tivesse acontecido algo com você. ― Pegou a bolsa que estava
jogada no sofá e fez direção a porta.
Arthur
nem ao menos tentou impedi-la. Se ela ficasse ali mais um segundo falando
aquele monte de besteiras e cobrindo ele de perguntas ele terminaria tudo.
Então era melhor deixá-la ir. Quando bruna saiu, Arthur deixou-se jogar no
sofá. O qe estava fazendo? Usando uma pessoa? Não, ele não era daquele jeito.
Será que tudo aquilo era porque Mayra estava saindo com outro? Precisava
pensar, não ia fazer Bruna sofrer mais, ela não merecia, além do mais devem ter
milhares de garotos querendo namorá-la e não fazia sentido impedir sua
felicidade.
Numa
coisa Arthur estava certo, havia alguns garoto que daria qualquer coisa para
namorar Bruna e ele realmente estava usando a garota para esquecer Mayra.
***
Letícia
chegou em casa e sua mãe estava chorando. Ela vinha tão feliz, apesar de não
ter se despreocupado de todo, tinha aliviado um pouco na praia com os amigos,
mas parece que era só chegar em casa para ver que a realidade estava
completamente oposta ao relaxamento.
―
O que houve, mamãe.
―
Seu pai, Letícia. Seu pai pirou de vez?
―
O que está acontecendo com vocês, mãe? Vocês se davam tão bem e agora vivem
brigando. Não bastou a briga de ontem?
―
Essa ainda é resquícios de ontem, filha.
―
Mãe, tenha calma. As coisas não se resolvem brigando. Cadê a Lêda?
―
Sua tia veio pegá-la para passar o dia lá e eu achei melhor assim. Não quero
que ela sinta nada por nossos problemas.
―
O que está acontecendo? ― perguntou Letícia mais uma vez.
―
Brigas, filha. Todo casal é assim. Não se preocupe.
Como
não se preocupar. bastava chegar em casa e lá estava todo aquele clima, toda aquela
confusão. Sabe quando você está feliz, sorridente e de repente tudo desmoronar.
Melhor mesmo seria nem se divertir, assim ela nem se iludia, viveria aquele
inferno dia após dia.
Jogou
a mochila na cama e foi tomada por um misto de raiva e tristeza, nem ela mesmo
sabia explicar. Como é que pode ela tão jovem ter que entender e ajudar sem ao
menos saber o que estava acontecendo. Andava de um lado para o outro sem saber
o que fazer, uma lágrima escorreu de cada olho, ela percebeu que a situação
deveria ser grave. O que o pai fez? Ou teria sido a mãe? Por que de tantas
brigas? Por que eles não fingiam ao menos? Ela realmente estava muito triste
com aquilo.
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