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Razão e sentimento

Razão e sentimento
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Uma menina-mulher sonharadora convicta, pore´m de uma racionalidade necessária.

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sábado, 21 de junho de 2014

Aproveitar as Oportunidades


Túlio estava indeciso do que fazer, dias haviam se passado e Mayra não havia dado sinal de vida. Será que era ele que tinha que ligar? Poxa, mas ela já sabia das intenções dele, fora ela quem não permitiu que conversassem para saber o que aquele beijo e aquela noite tão agradável iriam gerar, então ele esperou que ela ligasse, desse sinal de vida. Quando perguntava por Mayra à prima, ela sempre dizia "Está bem." Isso era vazio demais. Pensou em escrever um e-mail, era mais distante e se ele levasse mais um fora seria menos doloroso, além do mais ele poderia ficar relendo o fora até acreditar que não tinha chances e desistir de vez dessa obsessão. Porque aquilo já estava virando obsessão. Ele não pensava em outra coisa. Na verdade estava ficando ridículo e Túlio estava disposto a dar a última cartada, se não desse em nada esqueceria Mayra. Havia outra garotas que se interessavam por ele. A própria Letícia já tinha dado umas olhadas intencionais pra ele, de repente até daria certo. Ela era muito bonita também. Tinha um corpo e tanto e ele perdendo tempo com aquele amor sem jeito. Estava decidido, daria a última cartada nesse jogo longo e ― até agora ― sem futuro nenhum.

Oi meu amor, você sumiu de novo. Será que esqueceu de mim? Queria muito conversar com você sobre aquele maravilhoso beijo que me faz sonhar até agora. A gente pode se ver?

Não, está muito forçado! Não era assim que ele queria que ela visse. Parecia até que ele estava cobrando uma satisfação. Teria ele virado mulherzinha nos assuntos amorosos? Escreveu outro.

Oi Mayra, tudo bem? A gente não se falou mais. Preciso conversar com você sobre nós. Me liga!

Leu e releu os e-maisl várias vezes, tentou rescrevê-los, mas ficava sempre exagerado para um dos lados: ou ficava piegas demais como o primeiro, ou informal demais como o segundo. Decidiu não mandar nenhum. Tinha de ser mais corajoso, afinal ele era um homem ou um rato? Resolveu ligar. Assim não dava para planejar e desse no desse não tinha nada gravado. As palavras ditas marcam só a quem ouvem, mas as escritas marcam a todos que leem. Era melhor ele se arriscar a levar um fora sozinho que ter em sua caixa de e-mail um fora formalizado.

TÚLIO: Alô, Mayra? 
MAYRA: Oi... Túlio.

Túlio sentiu uma certa decepção na voz de Mayra. Ela sempre fazia aquilo e ele se sentia meio desprezado. O que sentia por ela era verdadeiro e ela não era capaz de ver que ele era bem melhor pra ela que Arthur, que tinha namorada. Às vezes, aquilo o irritava.

TÚLIO: Oi minha gatinha, como você está? Estou com saudade, queria te ver.

Mayra do outro lado da linha não tinha certeza se queria ver Túlio. O beijo tinha sido sensacional, mas ela não sabia ainda se queria namorá-lo e claro que depois de um beijo o certo é que ele pergunte novamente se ela vai aceitá-lo. Ela não tinha resposta e resolveu adiar isso.

MAYRA: Rsrs... também quero ver você. Mas agora as provas estão para começar e não vou poder me distrair com nada. Assim que elas passarem eu te ligo e a gente marca alguma coisa, tá?
TÚLIO: Ah, tá certo. Tudo bem. Mas me liga mesmo, viu. Não foge de mim. 
MAYRA: Pode deixar que ligo sim. Beijos.

Túlio teve vontade de dizer "Beijos, meu amor. Eu tô morrendo de saudade de você. Não paro de pensar em nós. Será que tenho uma chance agora?" Porém mais uma vez achou que estava agindo como mulherzinha e disse apenas:

TÚLIO: Ok. Vou esperar. Beijos. Pensa em mim entre o intervalo de um estudo para outro.

***

Mayra ficou pensando em tudo que estava acontecendo, se odiou por alguns instantes. Por que não posso amar o Túlio? Seria tudo tão mais fácil. Ela realmente não sabia o que fazer naquela situação. Sua cabeça dizia: Namore o Túlio, com o tempo, com certeza, você gostará dele. Quem não gosta de ser bem tratada e desfilar com um gato de matar de inveja qualquer outra menina? E seu coração dizia: Você ama o Arthur, precisa esperar por ele. Se namorar com o Túlio e ele souber, aí sim é que ele não vai querer saber de você nunca mais. Era um impasse tudo aquilo, mas o destino mandou uma resposta rapidinho. 
Naquele instante mesmo, a campainha de sua casa tocou e Marianna, uma garota da escola que estuda com Mayra e que nos últimos tempos estava se aproximando mais dela, chegou trazendo notícias não muito agradáveis. Estavam se tornando amigas. Letícia andava até enciumada, porque naquele momento mais do nunca precisava da amizade de Mayra. Esquecia que amizade quanto mais melhor e que Marianna estava entrando para o ciclo de amigos para ser mais um apoio, mais uma pessoa legal e extrovertida.
―Oi, amiga. E aí as novas?
― Ainda bem que você chegou. É uma ótima hora. Túlio me ligou.
― Ai amiga, aquele gato... eu morreria só em saber que ele me queria, imagine ele correndo atrás de mim. Ai...ai...
― Calma aí que você sabe muito bem que não é assim que as coisas funcionam né? Enfim... ele ligou, queria me ver, mas eu fugi.
― Por que você faz isso com você? Não entendo. Juro que não entendo.
― Não entende? Como não entende? Tem o Arthur...
― Para tudo. É essa a notícia ruim que tenho pra te dar. Na verdade não tem Arthur. Ele está muito bem com a tal Bruna. Ela desculpou o lance da tapa na cara do Túlio. Só Deus sabe o que ele disse, mas ela resolveu aceitar...
― Mas amiga ele me ligou pra ir à praia.
― Com você ou com a galera?
― Com a ga le ra. ― disse já entendendo onde a amiga queria chegar com aquela colocação.
Não era novidade nenhuma ele ligar para sair com a galera. Não seria um encontro e agora Mayra até agradecia por não ter ido, afinal, ver Arthur e Bruna era a última coisa que ela queria.
― Então, amiga. ― disse segurando as duas mãos de Mayra. ― Para com isso, você tem a oportunidade de ser feliz, tem o cara mais gato e desejado por todas e tá aí morrendo pelo Arthur que tem namorada e sinceramente, se ele quisesse mesmo alguma coisa com você, teria aproveitado o lance do aniversário para terminar tudo com Bruna. Mas não. O que ele fez foi inventar uma desculpa qualquer e tentar ficar bem com ela. Abre o olho. Uma oportunidade perdida, estará perdida para sempre. Ouvi essa frase no filme O Clube do Imperador e ela se encaixa perfeitamente no caso.
Mayra caiu em si e uma lágrima teimosa caiu no canto de seu olho esquerdo.
― Não fica assim, Mayra. Eu quero te ajudar a sair dessa. Já faz tanto tempo. Mais de ano se passou. Eu sei que o Arthur é fofo, que ele é tem um jeito diferente dos outros garotos, eu sei de tudo isso, mas amiga, abre o olho. Você está perdendo seu tempo, deixando passar emoções que você poderia viver. Se um dia for para você e o Arthur ficarem juntos, vai acontecer. Só estou te pedindo para não deixar a vida passar, esperando por um alguém que está vivendo, que está namorando.
― Eu sei Mari, mas é tão difícil. Nem eu entendo direito isso que sinto. Deve ser uma doença, sei lá... uma coisa que não passa e quando eu vejo eu tenho me iludido com o sorriso dele, com um recado, com uma ligação chamando para sair com a galera. Pra falar a verdade só agora me dei conta que ele me chamou pra sair com a galera. Sei lá... na minha cabeça ainda estava que ele havia convidado a mim, entende? Parece que eu minto pra mim mesma.
Marianna abraçou a amiga.
― Tenha calma, não fique assim. Tudo isso vai passar. Mas você precisa se abrir a novas coisas. Já ouviu a frase que diz que só se esquece um amor com outro.
Mayra balançou a cabeça afirmativamente.
― Então... aceita o Túlio. Fica com ele e ver no dar. Você não está aceitando um pedido de casamento, é um namoro e ele sabe que você gosta do Arthur, ele terá paciência em esperar seu tempo, amiga. Ele tem provado isso. Quero muito que você não sofra desse jeito, porque não há sentido algum nisso tudo, entende?
― Entendo sim. ― Mayra falava entre lágrimas e enxugava  as mãos com as costas da mão. ― Vou dar um basta nisso. ― levantou a cabeça, respirou fundo. ― Realmente já deu o que tinha de dar. Chega!
― É isso aí, amiga. Assim é que se fala. Mas me conta do Túlio. vamos falar do que realmente vale a pena.
Mayra começou a conta da saída com Túlio e todo o resto. No início meio desanimada, ainda pensando no que acabaram de conversar, mas logo foi se empolgando e lembrando dos detalhes daquela noite agradabilíssima com Túlio e do passeio de carro e das brincadeiras e risos e quando percebeu já estava empolgada e sorrindo.

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