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Razão e sentimento

Razão e sentimento
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Uma menina-mulher sonharadora convicta, pore´m de uma racionalidade necessária.

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quarta-feira, 25 de junho de 2014


CASA DE PRAIA 1


Depois de uma semana conturbada de provas, de tardes de angústia por medo de não conseguir bons resultados e muito, muito cansaço, havia chegado o fim de semana e na casa de Mayra depois da semana de provas ela podia tudo. Essa era a recompensa. Ela sempre se esforçava muito, (a) porque era responsável com seus estudos e (b) porque recebia o benefício-prêmio de poder marcar o que quisesse com os amigos. E Tifany estava organizando um fim de semana em sua casa de praia em Flecheiras, uma praia que fica a 130 km de Fortaleza, o paraíso de coqueirais, bons ventos e piscinas naturais, é bem rústico, porém é uma praia pouco explorada em relação a outras praias do estado e que oferece conforto por si só, imagine quando se trata de organizações Tifany.


A empolgação estava a mil. Uma casa linda, numa praia maravilhosa, um fim de semana inteiro, sem intervenção de quase nenhum adulto, digo quase porque havia na casa um caseiro e sua família e a mãe de Tifany havia mandado pra lá uma cozinheira e uma espécie de governanta que morava na casa deles há muito tempo. O ponto positivo disso tudo era que Marta, a govenanta, fazia simplesmente tudo que Tifany queria, amava a menina que vira nascer e nunca lhe negava nem um favor. Era ou não era um sonho? 
Uma van para 16 pessoas sairia da casa de Tifany na sexta-feira às 17:30hs com destino a Flecheiras. Era a van da família. Tifany era filha única e a mãe acabava planejando sua vida para agradar a filha. A van foi uma aquisição que fizeram a pedido da filha, exatamente para esses momentos e os pais da garota não pouparam esforços nem dinheiro. Era uma van preta completa, com bancos de couro e dvd em cada banco e para dirigi-la, o motorista da família estava sempre a disposição. Ele levaria a garotada e no domingo à tarde no mesmo horário da saída iria buscá-los.
Às 16:00hs começaram a chegar e amontoar as mochilas na pequena escadaria de quatro degraus da entrada da casa de Tifany. Logo formou-se uma algazarra, comentários e impressões de como era a casa. nunca tinham ido lá, só viram por fotos. Mayra, Letícia e Marianna chegaram juntas, o pai de Mayra foi deixá-las. Quando chegaram já estavam lá alguns dos meninos incluindo Arthur.
Um arrepio desceu do esôfago ao estômago de Mayra ao vê-lo. Era incontrolável. Bastava vê-lo pra ficar daquele jeito. Tentava disfarçar e, para quem não a conhecia, até conseguia, mas as amigas perceberam logo como ela se sentia. Diziam que ela arregalava um pouco aqueles pequenos olhos e sua feição mudava ligeiramente.
― Segura sua onda. ― Tá dando bandeira.  avisou Marianna.
― Gente, para! Assim eu fico mais nervosa e é pior. Eu nem tou dando bandeira nem nada, é impressão de vocês.  retrucou.
― Impressão, sei...
Logo após as meninas, chegaram Túlio e Dário. Túlio tinha passado na casa do amigo para buscá-lo. O Honda preto parou em frente a casa onde estava as meninas arrancando suspiros, Dário desceu e tirou as malas e Túlio passou para guardar o carro. tempo suficiente para as meninas comentarem pela milésima vez como ele era gato e perfeito. Só Mayra não suspirava. Até sentiu uma certa emoção, pois sabia que teria que fazer algo. E se ele chegasse beijando-a? Achou melhor se esconder um pouco até que ele chegasse e ela visse como a coisa toda iria proceder.
O destino deu uma mãozinha a Mayra, pois no exato momento que ela ouviu Túlio dar boa noite e ser correspondido por suspiros e vozes derretidas, Tifany apareceu dizendo que já estava tudo pronto para a saída, assim Túlio nem teve chance de se aproximar de Mayra. A garota deu olha rápida olhada em todos que estavam ali e viu que Bruna não havia chegado. Será que ela não vai? seria perfeito.
―  Olha gente, pelo amor de Deus, vocês vão sentar cada uma ao meu lado. Nada de deixar espaço para o Túlio. Eu não estou preparada para falar com ele agora.   implorou Mayra.
―  Ah, meu Deus, Mayra. Que bobagem! Você está é perdendo tempo, amiga. Acorda.   Letícia que suspirava pelo Túlio alertou.   Ai como eu queria que fosse comigo, já estava era toda linda ao lado dele.
―  Eu já conversei com ela sobre isso, Lê, mas daí a ela tomar uma atitude é outra conversa.  Mariana lançou um olhar para Mayra com o canto da boca em declínio.
Na verdade Mayra estava pouco se lixando para Túlio, até tinha gostado do passeio, achava ele realmente lindo e seu beijo era simplesmente envolvente demais da conta, porém ela estava de longe acompanhando tudo que Arthur fazia e foi por causa disso que ela viu a chegada de Bruna. A garota desceu do carro do pai, já atrasada, mas estava ali para o ódio de Mayra. 
Bruna abriu a porta do carro e instantaneamente, como se tivesse se materializado ali, estava Arthur pegando na mão dela para ajudá-la a descer. A esse fato  sucedeu um beijo apaixonado, daqueles calmos que parece natural e passa a ideia de maior veracidade do amor. Arthur pegou as bolsas de Bruna e a guiou para perto dos amigos em comum. 
Uma faca trespassou o coração de Mayra. Imediatamente seu rosto ganhou feições de uma dor muito grande e lá estava aquela teimosa lágrima rolando em sua face. O pior de tudo era que ela não conseguia virar o rosto, parece que estava petrificada, até que foi puxada por Mariana e Letícia que também assistiram a cena de amor de Arthur e Bruna.
― Eu te avisei, amiga. Agora vê se não dá bandeira, né? Não é porque você está sofrendo que todos têm que saber. ― falou Marianna numa voz complacente.
― Poxa, amiga, como eu vou ficar um fim de semana inteiro vendo isso? Eu não vou mais.  disse virando-se pra ir embora.
― Claro que vai. E vai se divertir, vai beijar na boca, vai ser feliz com quem te quer. Mayra, por favor... eu já estou cansada dessa sua burrice, amiga. Como é que você tem o Túlio e fica morrendo por causa de Arthur. Tenha santa paciência! ― Letícia foi mais direta que Marianna em suas colocações. ― Você não disse que tinha gostado da saída com o Túlio?
― Gostei, gostei muito. ― disse quase sem ser ouvida ainda de cabeça baixa.
― Então, amiga...
― Levanta essa cabeça, respira fundo e bola pra frente. Por favor...
Mayra fez exatamente o que a amiga havia dito. Levantou a cabeça, desviou o olhar e naquele momento foi tomada por uma raiva tão grande que ela não sabia se era raiva dela mesma ou do Arthur e resolveu tomar como conselho um antigo texto dos sermões de Pe. Antônio Vieira. A professora de Literatura, a mesma que fizera brincadeiras com ela e Arthur no ano passado, havia lido uma parte do Sermão do Mandato que dava os remédios para o amor sem remédio: 1. o tempo; 2. a distância; 3. a ingratidão e o 4 e mais perfeitos de todos: a mudança de objeto. Era isso que ela ia fazer. E no caso começaria pelo quarto conselho já que o primeiro e o segundo demorariam muito e o terceiro acabara de ocorrer.
Tifany chamou a todos para embarcarem na van e Mayra quis ser a primeira para sentar no último banco e assim não deixar que ninguém atrás dela a observasse. Seria ela a observar a todos. Letícia entrou primeiro seguida por Mayra e Marianna. Sentaram no fundo da confortável van, pegaram os fones de ouvido e escolheram um dos filmes pre-programados no dvd. A viagem não era muito longa, mas até lá ela, Mayra, já teria conseguido bolar um plano de como fazer para superar aquela raiva e dor misturadas e ao mesmo não ser mal caráter com Túlio.
Todos entraram um a um. Túlio sentara-se dois bancos a frente de Mayra e não tinha feito a menor força para falar com ela, motivo que chamara a atenção da garota. Ela esperava que ele tivesse ido procurá-la. Será que ele viu ela chorando por Arthur? Bem, o que já passou não volta. E Arthur e Bruna sentaram a frente de Túlio.

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