Contador de Visitas

Seguidores

Razão e sentimento

Razão e sentimento
Minha foto
Uma menina-mulher sonharadora convicta, pore´m de uma racionalidade necessária.

.

.
quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
Teve uma época da minha vida em que senti uma dor tão grande que me consumia. Era perene, eterna, forte. Achei que nunca fosse acabar, que nada pudesse aplacar aquilo que eu sentia... e eu vivi em função dessa dor e da busca de um remédio que a fizesse mais suportável. Como descrevê-la hoje, depois de anos que ela se foi?
Tudo no meu dia, na minha vida, nas minhas noites, girava em torno dessa dor, desse amor que me corroía. Mas mal sabia eu que aquilo é que era viver. Aquilo sim era estar atuante no mundo. Aquela era eu verdadeiramente. Eu era feliz e não sabia – você deve estar pensando, que frase brega, não é? – verdadeiramente eu era feliz e não sabia. Não tinha tempo para me dedicar a nada, porque estava chorando, estava morrendo por dentro, estava escrevendo cartas de amor, poemas de amor. E o amor vivia comigo. Eu era o amor. Eu respirava amor... Isso era ser feliz – ninguém me disse que era assim. Respirar amor, ser amor, isso era viver. Eu realmente não sabia – esqueceram de me avisar.
Acreditava, na minha inocência, que haveria dias mais “felizes”. Mas pêra aí... O que é “feliz”? ... É estar sorrindo? É sentir-se livre? É fazer o que quisermos sem lembrarmos de nada, sem nos preocuparmos com o que virá? Não. Infelizmente ser feliz não é isso.
Ser feliz é amar alguém ou alguma coisa na vida, mesmo que isso te impulsione a sofrer como louca. Se não te disseram, sofrer como louca é viver. Acredite. Quando se ama, mesmo que as horas se pareçam dias, você está ali, inteira, intensa, você é, você existe. E quando não se ama? E quando se tem apenas mágoa dentro coração? E quando você busca uma lembrança e a primeira que lhe ocorre é que você foi iludida, traída, enganada várias vezes, por várias pessoas?
Você, de repente, começa a se sentir abjeta. As coisas não existem. Natal, Reveillon, Aniversário, Festas... As comemorações não fazem sentido. As horas passam, os dias passam, tudo passa e nada acontece além disso. É como se ontem, hoje e amanhã fosse exatamente o mesmo dia e você já soubesse que não haverá nada. Nada do que se orgulhar, nada para fazer brotar um sorriso, nada para admirar-se. Nada, simplesmente nada.
Aí você descobre que o amor, mesmo não correspondido, é o que se tem de melhor a sentir. Você descobre que a ausência desse sentimento torna as coisas em preto e branco e que o preto e o branco sozinhos não tem a menor graça.
Mas é claro que você não vai se entregar assim. Claro que você vai correr, vai lutar até a exaustão. Não lhe é permitido desistir. Há tantas outras coisas no mundo. E você olha ao seu redor, olha por baixo e por cima,levanta almofadas, colchas, desorganiza toda a casa, a rua, mas tudo é preto e branco. Não há nada de diferente do dia anterior. Tudo está exatamente como estava em preto e brnaco.

0 comentários: