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Razão e sentimento

Razão e sentimento
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Uma menina-mulher sonharadora convicta, pore´m de uma racionalidade necessária.

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sábado, 15 de novembro de 2008


Não fazia ideia que a adolescência era uma fase tão difícil. A minha só foi difícil para mim e isso porque minha imaturidade me fazia sofrer. Eu criava paixões e decepções que, hoje eu vejo, existiram apenas na minha mente. Nunca infernizei ninguém, nunca fiz nada que pudesse magoar, decepcionar ou preocupar minha mãe. Se ela se preocupava era porque queria, mas por mim mesma, não.
Mas parece que quanto mais o tempo passa, mais essas criaturas perdem o juízo. O que poderia fazer alguém amadurecer? Existe uma receita para dar noção aos adolescentes?
Percebi que estou ficando velha e ranzinza OU que sou uma pessoa sensata, ainda não decidi o que eu percebi afinal. O fato é que não suporto imaturidade e ações que demosntrem baixaria. Mesmo quando eu não tinha nada na cabeça, eu era sensata e educada. Brincar é uma coisa, ser idiota e baixa, é outra. Certos comportamentos devem ser severamente punidos. Algumas mães acham que se brigarem, castigarem, baterem, ou seja lá o que for que façam em relação aos filhos, poderão traumatizá-los. Que nada. Traumatizada ficará você se, diante de comportamentos inadequados, não fizer nada.
Sempre recriminei algumas mães com quem eu tive contato, porque não queriam ver os erros de seus filhos, em contra partida, sempre achei que minha mãe havia sido muito exagerada comigo. Eu não podia fazer nada, não fazia até por medo de ela achar que aquela ação era algo demais e se ela achasse, podem crer, eu pagaria caro.
Certa vez, já mocinha levei uma surra por ter sido chamada por alguém que eu nem vi quem era, enquanto estávamos voltando da missa num domingo à noite. Ela achou feio que alguém, um rapazinho, gritasse meu nome na rua e por causa de uma coisa que nem fui eu que fiz, eu apanhei, levei uma surra e ela passou uma semana sem me tratar bem.
Se o erro fosse do tipo quebrar pratos, esquecer de varrer a casa, nada acontecia. Uma tarde, ela havia acabado de comprar óculos novos, eu estava sentada no colo dela, sempre tive esse costume, sempre fui muito grudenta com ela, então numa brincadeira boba de abraçá-la, virei-me de repente e os óculos voaram longe, quebraram.
"Ai meu Deus, desculpa mãe!" - com uma voz apavorada e um olhar arregalado de medo, olhei imediatamente para ela.
"Não se preocupe, essas coisas acontecem!"
Eu sei que ela ficou chateada e sei que era um prejuízo, mas não era por isso que eu iria apanhar ou ficar de castigo.
Agora, quando o negócio envolvia comportamento e atitudes, o negócio pegava. Ela levava muito a sério o modo como me portava nos lugares, fosse na sua presença ou ausência. E vocês sabem que mãe parece ter uma bola de cristal, mais cedo ou mais tarde elas descobrem tudo.
Ela dizia que uma pessoa, independente da idade que tivesse, deveria distinguir o certo e o errado e quando tivesse dúvida de determinada ação, não fizesse para não se arrepender. Dizia que nossos atos formam nossa reputação e que com reputação não se brinca. Falava isso quando acontecia alguma coisa comigo ou com outros, queria que eu aproveitasse os exemplos do mundo. Olhava sério, com austeridade e lançava o ensinamento. Eu, por minha vez, ouvia e guardava tudo, procurava seguir, não queria decepcioná-la. Mas parece que os filhos de hoje não estão nem aí para os pais, eles fazem o que lhes dá na cabeça e pronto. Ou será os pais que não ensinam aos filhos?
Se minha mãe conseguiu fazer isso, por que as outras mães não conseguem? Ela, em momento algum deixou de amar por ter me criado assim.
O problema, achem bom ou ruim, é que as mães não castigam seus filhos, não fazem nada e quando falam, esquecem no instante seguinte. O filho nem sofre. Sem sofrimento não há crescimento. A culpa dos acontecimentos de hoje é das mães que não sabem criar seus filhos, que não sabem dar limites e nem mostrar que o que vale realmente nesse sociedade é o comportamento, é o caráter. Claro que cada indivíduo tem suas características únicas e pessoais, mas dizer que a criação molda, isso molda.
E nem me venha com essa história de que os filhos de hoje são mais isso ou aquilo que os de antes, porque não cola. Sempre brinco com uma amiga que tem um filho muito danado e que ela nem exalta a voz com ele. Arregala os olhos e repete o nome dele devagar e o menino, mesmo revoltado pela contrariedade, entende que não é para fazer o que estava planejando e não faz. Pronto. Agora, sabe por que isso acontece? Porque ela impôs isso, porque ela não deve ser dessas mães que acha que por amor eles não podem sofrer nada.
Um dia ele agradecerá, como eu agradeço hoje a minha mãe. Um dia ela abrirá um imenso sorriso e verá que cumpriu sua missão de mãe.

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