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Razão e sentimento

Razão e sentimento
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Uma menina-mulher sonharadora convicta, pore´m de uma racionalidade necessária.

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segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
Descobri o universo da leitura recente e tardiamente. Lamento pelo "tardiamente", mas exulto pelo "recente". Fico pensando naquelas pessoas que NUNCA descobriram esse prazer. Pessoas que ainda acham que é um saco sentar e ler alguma coisa, pobres ignorantes que não se deram ou não puderam ter (o que ainda é pior) a chance de sentir o que sinto hoje ao ler um livro que vou até a estante buscar. Um livro que pego com carinho e olho o título antes de lê-lo, que imagino mil mundos antes de entrar neles, enfim... pessoas que não puderam se liberar das amarras da alienação despertada pela televisão e outros meios tecnológicos modernos.
Quando eu era pequena não tinha contato com livros. Mamãe nunca se preocupou em comprá-los, talvez não tivesse dinheiro, talvez não soubesse da importância de uma criança ter contato com os livros. Acredito na primeira hipótese, lembro como era no início de cada ano para comprar os livros didáticos, esses ela fazia questão que eu tivesse, fazia qualquer sacrifício.
Mas um dia, em um aniversário meu, sem festa mesmo, ganhei um livro de uma amiga de família, Teresa Santana, ainda lembro o nome dela e sempre a vejo na faculdade. É uma sonhadora da educação como eu, que mesmo aposentada não deixou de estudar e ensinar. Ela trouxe esse livrinho, meu primeiro livro.
Livro infantil de capa verde. Era a história de um rato e um gato que brigavam entre si, não lembro o final. Nem dei importância ao coitado, diferente dos grandes escritores que sabem exatamente o título, a história e o final do seu primeiro livro. Na verdade eu não dei a mínima para o livrinho fino de capa verde claro com imagens coloridas e infantis.
No dia até achei sem noção ter ganhado um livro. "Um livro? Por que não um brinquedo ou uma roupa?" - pensei olhando para o livro em minhas mãos. Acho até que ela percebeu que eu não estava contente, porque me disse "para você ler a história do ratinho" eu joguei o livro sobre a cama e voltei a brincar com minhas amiguinhas que estavam na calçada de casa. Livro não fazia parte do meu universo, era coisa que não tinha em minha casa.
Por ironia do destino, ou por escolha dele, tornei-me professora de Letras e foi nessa fase que me apaixonei por livros. Vocês devem conhecer bem como é a paixão, ela faz com que os sacrifícios sejam flores. De início eu queria tê-los, tê-los em grande quantidade, e comprava-os e ganhava-os com avidez. Ler que é bom, nada. Mas começava aí meu contato com esse mundo mágico. Anos mais tarde comecei a ler e fui vendo como era legal e empolgante ler sem fazer uma prova de paradidático (como na escola). Vi como o mundo da leitura fascinante.
Fico triste que não tenha me apaixonado mais cedo, mas extremamente feliz por poder navegar nessa realidade paralela que se estendeu ao mundo da escrita onde posso ser quem eu quiser sem me preocupar com o amanhã.

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