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Razão e sentimento

Razão e sentimento
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Uma menina-mulher sonharadora convicta, pore´m de uma racionalidade necessária.

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sábado, 3 de janeiro de 2009

Agora era real, ela havia inventado um encontro, criou um motivo qualquer, ligou para ele e se encontraram em fim. Era um encontro às escondidas. Ninguém podia saber, seria imprudência que os outros soubessem, ela se arriscaria, mas confiava nele e a vontade de vê-lo foi maior. O sol ia forte no alto quando se viram ao longe.
Os olhos encontraram-se depois de dias sem contato. O mundo parava naquele instante. A passos lentos eles se aproximavam, havia uma ligação entre eles feita com o olhar. Ele trêmulo, nervoso. Não entendia como aquela sensação podia percorrer-lhe o corpo, não era assim o normal ou, pelo menos, não tinha sido com outras com quem se relacionara, mas ela não era qualquer uma, ela era diferente, era proibida, era dele, era uma mulher.
Nunca tivera uma mulher em seus braços, nem mesmo ela, ele tivera, mas teria, estava perto, ele sabia. O amor crescia a cada encontro burlado, a cada encontro desmarcado por impedimentos improdutivos. Por que sua mãe fazia aquilo? De nada adiantava. Só aumentava a emoção, por algumas vezes achou que o que havia de diferente nela era isso: o impedimento, mas pensava nela a todo instante. Até o cheiro dela em sua cama ele já sentira. Em todos os lugares que olhava ela estava: computador, celular, cadernos, nele próprio. Não tinha jeito. Não podia ser por uma simples proibição. Era uma espécie de amor.
Ela, por sua vez, estava com medo, medo do que sentia, medo do encontro. Sabia que não devia. O certo era se afastar ou dar um tempo, deixar a poeira baixar, deixar as pessoas esquecerem deles, mas como? Estava envolvida pela novidade, pelo amor oferecido a ela, um amor puro, um amor que despertou o dela. Foi ao encontro e estavam ali, frente a frente.
Não se ouvia nem uma palavra, os olhos falavam pelos dois. A rua vazia ajudava que eles pudessem viver essa magia. Subiram na moto e seguiram viagem. O encontro não podia ser ali no meio da rua tão próximo de olhos espreitadores. O abraço era terno, saudoso. Ela flutuava sobre rodas e ele sentia as curvas do corpo dela imaginando-o inteiramente dele.
Chegaram. O mar ali, enigmático como os dois, sentaram-se na areia, tocaram-se com as pontas dos dedos, olhos piscando lentamente inebriados de amor e desejo. As mãos passeavam pelo rosto um do outro. Não se sabia se eles queriam olhar-se ou entregar-se ao momento. Ficaram ali alguns muitos minutos, meia hora mais ou menos, naquele ritual de saudade, de amor proibido.
Ele a puxava para perto de si. Deitava as costas dela sobre seu peito, afastava seu cabelo com delicadeza e beijava-lhe a nuca, enquanto ela olhava as ondas e o pôr-do-sol. O cabelo tinha cheiro bom, um cheiro que o fazia repetir o encostar de lábios sobre seu pescoço nu.
Fazia muito tempo que Clarissa não tinha uma sensação daquelas, sensação de toque, de pureza, de amor. Deixou-se entregar e sentia-se hipinotizada pelo toque da mão de Renato. Virou-se lentamente e fez com que seus lábios finalmente encontrassem os do amado. Era o primeiro beijo deles. O primeiro de muitos que estavam por vir.
Beijaram-se então. Viveram ali instantes de sonho. Eram lábios macios que deslizavam sobre o outro, um gosto diferente, especial, que só o amor pode trazer, gosto de quero ser seu, gosto de vou deixar-me ser sua. Não podiam acreditar que chegaram ali naquele momento. Um beijo? Um beijo era muito para quem pensava em amor platônico. Era de início um amor platônico, mas agora realizara-se. Era real. E isso assustava a ambos.
Ao abrir os olhos viram que dali em diante tudo mudaria.

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